Il y a deux semaines environ, l'un de mes correspondants dont je ne retrouve pas la trace, me demandait aimablement ce que je pensais du film "Tabou" de Miguel Gomes, sorti ces temps-ci à Paris et en France. Je lui répondais que je n'avais pas encore vu ce fim, annoncé déjà par la grande critique de cinéma comme un chef-d'oeuvre. Je réponds donc aujourd'hui à cette question. J'ai vu "Tabou". Je ne... l'ai pas aimé du tout. Pire : je l'ai traité de "bidon". Tout est faux dans "Tabou", non pas tant la vérité historique dont le film se fiche éperdument (désigner le crime passionnel d'une héroïne de BD comme relié à l'insurrection d'un Front de libération luttant contre la colonisation portugaise est simplement grotesque) que le geste cinématographique lui-même. C'est épater le bourgeois que de tourner dans un Noir et Blanc délavé pour décaler l'oeuvre des normes du marché. Mon Dieu, que Gomes aille voir "Film, socialisme" de Jean-Luc Godard! Mais à part ça, le parti pris narratif qui veut que l'essentiel du récit fictionnel soit l'affaire d'une voix narratrice, alors que les images n'ont plus dès lors qu'un rôle "illustratif", c'est-à-dire nul, ce parti-pris cautionne l'évitement systématique par le cinéaste de toute scène devant rendre des comptes au réel du tournage. Nous sommes toujours dans une narration qui repousse l'ici-et-maintenant de tout enregistrement cinématographique dans une zone à la fois passée et floue. Cette mise à distance plaît au spectateur dans la mesure où elle lui évite tout simplement de s'impliquer dans la scène dont il devient tout simplement, tout tristement, un spectateur et non un "acteur" imaginaire. J'arrête là. La fausse-monnaie passe toujours pour vraie. Jean-Louis Comolli
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
E também:
O Realizador-EUcalipto
por Mário Fernandes
O Tabu de Miguel Gomes lembra-me a história do caçador e do fotógrafo que vão de férias para África. O caçador bang bang, o fotógrafo tchi tchi. No final comparam os resultados. O caçador tem vários animais e o fotógrafo várias fotografias. O fotógrafo mostra as fotografias ao caçador e este diz: “Está muito bonito, sim senhor, mas onde é que está a caça?” Assim é o Tabu de Miguel Gomes, idealismo beato de velha escola associado ao fetichismo pela sacrossanta película a preto e branco. É, pois, um filme sem realidade, sem teatralidade para salvar o artificialismo da plastificação e sem memória (basta ver como todo o flash-back é muito mais trampa pós-moderna e contemporânea do que outra coisa), já para não falar do som e do falso-mudo, que é uma caldeirada de dispositivos em que nada é orgânico nem verdadeiramente dissonante. Em suma, trata-se de um vazio de parvo serôdio (a lembrar outros tempos) muito bem envernizado pelo bonitinho chapa 5 da fotografia e da voz off, e por uma propaganda agressiva da comunicação social e dos festivais a favor do exibicionismo comercial do filme - do Minho até Timor (“tudo pelo cinema português, nada contra o cinema português”). De resto, a Grande Obra até chegou ao agrado do Presidente da República. Cá para mim, quando um filme português lisonjeia o Cavaco- “tem imagens muito belas”- só pode estar próximo de ser uma valente m...
É dado certo que ninguém leu (muito menos o Cavaco!) os artigos dos anos 70 de Manny Farber e Andrew Sarris, premonitórios do cinema “chico-esperto” contemporâneo. O primeiro falava no “kitsch without kitchen”, o segundo dos filmes “arty and funny”.
Quando se quer dizer de uma forma educada que um filme não presta, dizemos que tem uma boa fotografia. É o caso de Tabu (perdoai-lhe, Murnau, ele até sabe o que faz), o maior preservativo estético que vi (não vá o realizador contaminar-se!). Lembra-me essas almôndegas de aparência apetitosa só para esconder as várias e retardadas carnes de cavalo, borrego, porco, frango, etc..
Os críticos gostam de almôndegas. O Miguel Gomes cofia o bigode, qual pistoleiro mexicano do Emilio Fernández!, sorri para a câmara e agradece mais um prémio.
Postar um comentário