quinta-feira, 5 de novembro de 2009

(...) Crônica de Anna Magdalena Bach poderia ter existido já no primeiro minuto após a criação do cinematógrafo. Talvez a verdadeira modernidade seja a eterna capacidade de recomeçar, de recuperar o impulso original de uma arte em qualquer época da sua história.

(pode-se retorquir que os Lumière e seus operadores não podiam filmar, e aliás não filmaram, a música; mas pode-se retorquir igualmente que podiam filmar, e filmaram, musicalmente, e foi o que fizeram com essa fila de camelos, como Straub fez com a vida de Bach)

9 comentários:

Anônimo disse...

Por alguna razón (¿Bach?, ¿que tenía 21 años cuando la ví?), sigue siendo mi Straub & Huillet favorita y una de las grandes impresiones (y emociones) cinematográficas de mi vida, y eso que la habré visto 14 ó 15 veces.
La "voz en off" de Anna Magdalena me parece una biografía íntima reducida pudorosamente a lo más escueto. Y en la versión en que está dicha por Danièle H., más aún.
Miguel Marías

Jesús Cortés disse...

A mí me parece una de las mejores historias de amor "en off" que ha contado el cine. El tono no parece que lo delate, supongo que menos aún para los latinos, pero hay mucha pasión en esas palabras. Aquel plano final en la ventana...
No sé cuantos esperarían algo así tras las más, cómo decirlo sin reducirlas a lo que no son, "cerebrales" "Machorka-Muff" y "Nicht versöhnt..."

Anônimo disse...

E aquele curta do Baldi, o que você achou? Nunca tinha visto nada dele, achei excelente. Agora estou baixando tudo ao alcance. Nada como um cineasta que sabe cortar, sabe o que é um plano.

bruno andrade disse...

Eu gostei do filme do Baldi, mas não vou saber quanto até poder revê-lo: a expectativa de ver o Straub em película, e depois a experiência de assistir ao filme consumiu muito da minha atenção naquela tarde.

E o problema é que agora não encontro nada do Baldi para baixar...

Anônimo disse...

Baldi hizo cortos excelentes como "La casa delle vedove", y un largo muy afamado, "Fuoco!" que me decepcionó totalmente cuando por fin lo ví casi 40 años después, pero todo lo suyo es difícil de ver.
Miguel Marías

bruno andrade disse...

Foi justamente La casa delle vedove que passou imediatamente antes de Crônica. Coincidência ou não, mas me vi pensando em algo entre os primeiros Fassbinder e os curtas de Olmi.

Anônimo disse...

Os do Olmi talvez, mas os Fassbinder não sei. Se a cópia é do Baldi, provavelmente ele indicou para passarem os dois juntos. Não sei se forço a barra, mas naquilo que o Straub repete e repete sobre o corte, o momento de cortar, a duração do plano, etc.; tudo isso está em La casa delle vedove.

Marlon

bruno andrade disse...

Acho que não forças a barra não; e ele lembra os primeiros Fassbinder - Der Stadtstreicher, que é também um curta, e os primeiríssimos longas - justamente nesse aspecto em que o tempo do plano é atomizado o máximo possível no espaço filmado.

Você o viu lá na Mostra, ou por outra fonte?

bruno andrade disse...

Assistimos em película, acho que todos pela primeira vez - embora muitos de nós já conhecêssemos o filme por meio de VHSs piratas e mais tarde pelo master da cópia lançada pela revista do Bernard Eisenschitz. A cópia, excelente, 35 mm., veio dos arquivos do Gian Vittorio Baldi (a narração estava, portanto, em italiano, tradução feita pelo Adriano Aprà).

O fato de Bach estar perdendo a visão durante o filme e da luz passar de uma brancura ascética (plano em que toca "A Paixão de São Mateus") para o cinzelado, quando a música se funde às pedras, ao mar e ao sol, e esmaecendo mais ainda perto do final, quando vemos aquelas árvores já quase que consumidas pelas sombras enquanto ainda escutamos a música de Bach... Enfim, além de ser sobre a música de Bach, a arquitetura de suas composições e os lugares onde estas eram tocadas, é também uma biografia indireta da sua mulher e a história da aventura - que por ser narrada exclusivamente por gravuras e ilustrações é tornada ainda mais abrupta - das suas vidas. O fato de ser também um filme sobre visão, e ainda mais sobre o percurso particular da visão de Bach, o que ele viu em vida e como, o que teve de deixar de ver, o que produziu musicalmente a partir disso que pôde ver, foi o aspecto do filme que mais se impôs para mim, talvez por finalmente vê-lo numa cópia onde as matizes eram todas muito melhor contrastadas e respeitadas (a projeção também foi muito boa, coisa cada vez mais rara).

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