sexta-feira, 3 de julho de 2009

Godard, que o crítico George Sadoul - comunistão, autor de uma famosa história do cinema -, chamou um dia de God-art, fazendo a associação com a pop-art, passa por ser o mais revolucionário dos diretores da nouvelle vague, embora, no mesmo livro ('Que Reste-t-Il de la Nouvelle Vague?, de Aldo Tassone), Arnaud Desplechin arrisque a tese de que François Truffaut era mais radical do que ele.


Arnaud Desplechin em entrevista ao Merten confirmando-se, filme após filme, declaração após declaração, como o cineasta mais reacionário, mais retrógrado da história do cinema.

A menção do Frodon ao Desplechin no editorial da última edição - Desplechin, esse verdadeiro patrono da complacência intelectual que acometeu o Cahiers em cheio nos últimos cinco anos?

Nada de mais previsível, uma vez que a editoria Frodon/Burdeau foi basicamente um prolongamento teórico do tipo de cinema que Desplechin fez, e do tipo de idéia que gente como Desplechin faz do cinema. Não sei nem se é o caso de falar que essas duas práticas se completam - acho mais justo falar de conluio, de máfia, de cartas marcadas, tapinhas nas costas e panelismos mesmo.

O irônico é pensar o que Daney falaria dos filmes de Desplechin se pudesse tê-los assistido, e o que Daney teria falado de muito do que causou frisson nas páginas do Cahiers nesta década. Não que Daney seja santo padroeiro de qualquer coisa, ou que mesmo na sua época os Cahiers não cometessem erros, mas seria interessante ele vivo para sabermos o que ele teria pensado sobre a falta de qualquer menção à retrospectiva integral, ocorrida há 5 anos, da obra do Sganzerla em Turim, ou sobre o silêncio ininterrupto da revista a respeito de dois grandes cineastas contemporâneos - Eugène Green e Jean-Claude Rousseau.

E ainda chamam esses patetas, Burdeau e Desplechin, para falar de Daney naquele espetáculo circense que chamaram de Criticism in Crisis - como se uma crise iminente da crítica não estivesse diretamente relacionada aos critérios latentes da mesma.

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