quarta-feira, 29 de julho de 2009

- En Italie, il existe un cinéma populaire très important. Pour quelles raisons selon vous ce cinéma n'existe pas en France?

- Vous pouvez le constater tout de suite: un film comme La Grande Bouffe sort et vous voyez les réactions! L'auto-censure, l'auto-contrôle, le total désintérêt de tous pour le cinéma? Vous croyez qu'il faut faire toutes ces discussions sur un film comme La Nuit américaine de Truffaut? Vous ne croyez pas qu'on s'éloigne toujours davantage de l'essentiel? La Nuit américaine est un film absolument inutile, un film très aristocratique, plein du mépris le plus absolu à l'égard des gens. Là, il est vraiment inutile de parler du rapport que l'on peut avoir avec le spectateur.

Marco Ferreri em Le cinéma italien, Jean Gili, livro de entrevistas com realizadores italianos.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

NOTE SUR THE LAWLESS

Se The Lawless é o mais belo dos filmes é porque não há outro que nos advirta de um sentimento mais justo da natureza.

Não há, para a mão que desenha, e para o cineasta que olha, outra razão que a de precisar a ordem e a beleza natural das coisas.

Assim, a beleza deve ser radiante. (Vitória! exclamei cheio de admiração.) O fervor que me toma a cada visão de The Lawless é como o sentimento de uma respiração mais confortável, a segurança de um sangue mais puro.

Era como a própria primavera!

A beleza da mise en scène é o desenho mais nítido possível da beleza do modelo. (Sucede que nos outros filmes permaneça apenas a nitidez do desenho enquanto o que nos é mostrado é feio ou falso: é o caso de O Tigre de Bengala, de Fritz Lang.)

Como o amor, a beleza só pode nascer da admiração. Pensando na temeridade de seu discurso, a mente encontra sua força no entusiasmo.

Não existe outro tema que a aquiescência à felicidade. O brio de The Lawless, o calor e a impaciência de sua mise en scène são a graça reservada a essa concretização. Esse tom é o da juventude, irresistível portanto, semelhante ao ardor de um mergulho matinal.

Uma tal felicidade exige as cores e a luz mais francas. A vibração do ar, a clareza da decupagem darão um brilho encantador às formas de um corpo livre e vivaz. Exemplo: uma árvore é uma árvore, uma garota é uma garota, a garota sobe na árvore (e machuca o joelho).

O intento de The Lawless é o mais grave, pois trata de estabelecer as relações mais nobres possíveis entre um homem e uma jovem mulher, e se o filme consagra alguns capítulos à violência, ele nos proporciona sobretudo o prazer, a arte de viver e a cortesia.

Marc BERNARD

Cahiers du Cinéma n° 111, setembro 1960, pp. 33






























sexta-feira, 3 de julho de 2009

Godard, que o crítico George Sadoul - comunistão, autor de uma famosa história do cinema -, chamou um dia de God-art, fazendo a associação com a pop-art, passa por ser o mais revolucionário dos diretores da nouvelle vague, embora, no mesmo livro ('Que Reste-t-Il de la Nouvelle Vague?, de Aldo Tassone), Arnaud Desplechin arrisque a tese de que François Truffaut era mais radical do que ele.


Arnaud Desplechin em entrevista ao Merten confirmando-se, filme após filme, declaração após declaração, como o cineasta mais reacionário, mais retrógrado da história do cinema.

A menção do Frodon ao Desplechin no editorial da última edição - Desplechin, esse verdadeiro patrono da complacência intelectual que acometeu o Cahiers em cheio nos últimos cinco anos?

Nada de mais previsível, uma vez que a editoria Frodon/Burdeau foi basicamente um prolongamento teórico do tipo de cinema que Desplechin fez, e do tipo de idéia que gente como Desplechin faz do cinema. Não sei nem se é o caso de falar que essas duas práticas se completam - acho mais justo falar de conluio, de máfia, de cartas marcadas, tapinhas nas costas e panelismos mesmo.

O irônico é pensar o que Daney falaria dos filmes de Desplechin se pudesse tê-los assistido, e o que Daney teria falado de muito do que causou frisson nas páginas do Cahiers nesta década. Não que Daney seja santo padroeiro de qualquer coisa, ou que mesmo na sua época os Cahiers não cometessem erros, mas seria interessante ele vivo para sabermos o que ele teria pensado sobre a falta de qualquer menção à retrospectiva integral, ocorrida há 5 anos, da obra do Sganzerla em Turim, ou sobre o silêncio ininterrupto da revista a respeito de dois grandes cineastas contemporâneos - Eugène Green e Jean-Claude Rousseau.

E ainda chamam esses patetas, Burdeau e Desplechin, para falar de Daney naquele espetáculo circense que chamaram de Criticism in Crisis - como se uma crise iminente da crítica não estivesse diretamente relacionada aos critérios latentes da mesma.

Não foi só na França, e não foi só o Frodon.

Já vai tarde

(...) disons sans exagérer, Frodon fût celui qui tua tout notion de cinéma moderne en france, (lui et quelques autres)

Arquivo do blog